E logo chegava sua cachaça - com o limãozinho, senão faz mal -, um torresmo de tira-gosto. Para alguns, procurava no fundo do copo o fundo do poço, mas tudo o que procurava era uma razão para viver. Uma das boas, não uma qualquer. E o samba, a cachaça e o cigarro eram uma mistura não das mais saudáveis, mas daquelas que vale a pena seguir.
Maria, sua mulher, já estava cansada da vida boêmia do marido, assim como Aurora, sua filha. Mas ambas eram maiores de idade e vacinadas, trabalhavam e poderiam se sustentar.
A morte chega para todos, é fato. Mas não pode-se saber a hora nem o dia, apenas aproveitar o tempo que resta antes que ela chegue.
E no caso, já estava esperando ali. O pandeiro, o violão, o cavaco. O samba em sua cadência, a cuíca chorando e o coro das pessoas cantando. Tomou sua última dose da branquinha, fez careta e comeu um torresmo. Sorriu. Isso sim era felicidade. Só que começou a sentir aquela coisa no peito, quando caiu da cadeira chamou a atenção de alguns. Todos pararam. O samba silenciado, menos a cuíca, que continuava chorando a perda de seu amante.
(Baseado na música de mesmo título.)
3 comentários:
Ficou um texto muito bonito. Como se a cadência do samba estivesse mesmo nele...
Gostei!
Goooostei ;D mt bom msm
Quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita do samba!
Amei o texto, define muito bem o que diz a letra, porém com grande propriedade!
Postar um comentário