sábado, 18 de dezembro de 2010

O mal do século

A chuva cai, lavando a calçada, mas não minha culpa. Pois não há pecado pior que a inércia. Pecado tão pesado quanto sua punição, ainda em vida. E minha barba branca é prova de tão vil punição.

O fundo do copo me faz companhia, junto com as tristezas e as mágoas da vida. Minha alma se desfaz na mesa de um bar como o gelo se desfaz na dose de uísque barato. E meu último fio de dignidade se vai, junto com a fumaça do cigarro levada pela brisa noturna do verão.

2 comentários:

Pedro Prado disse...

Ignorar alguém, para não ter de oferecer ajuda, fingir não ver alguém passando por dificuldades.... Quem não faz isso, meu caro?
O homem é assim, resta a ele, apenas, a culpa.


Bom texto!

@naochupamanga disse...

Embora admita que todos nós, vez após vez fazemos isto, concordo plenamente com as palavras!
Um abraço!