segunda-feira, 11 de abril de 2011

Alívio

A lágrima rolava pela superfície de seu rosto pálido, encontrando a barba mal feita, diminuindo de tamanho até transformar-se numa gota salgada de encontro ao chão branco e limpo do hospital.

Sentado em seu leito, os bipes uniformes da aparelhagem se tornaram uma nota única e contínua. À sua frente, na poltrona, estava um tipo curioso. Vestia um terno elegante, pernas cruzadas e sua atenção para o jornal do dia.

- Até que enfim, eu já não agüentava mais esperar por você - disse, num tom de desdém, o homem de terno.

Antes de abaixar o jornal, colocou seus óculos escuros. Possuía um rosto normal, desses que cruzamos diariamente no ônibus ou no supermercado. Um nariz, duas orelhas, uma boca e um par de óculos escuros. Simples assim.

O outro homem, aquele que derramou a lágrima, se levantou, sentindo o piso gelado nos pés nus. Olhou para o leito e, ainda calmo, observou por alguns instantes a si mesmo deitado.