segunda-feira, 22 de março de 2010

Um bom pai.

Era sexta-feira. Nove, talvez dez anos de idade. Com uma mochila pesada nas costas aquele garoto caminhava pela calçada, pisando propositalmente em folhas secas para ouvi-las estalando. O sol quente do meio dia açoitava-lhe a testa, enquanto seu pai segurava-lhe a mão.

O pai já não era tão jovem, marcas em seu rosto demonstravam o quanto ele já havia vivido.

- Pai... - falava o garoto, dando um pequeno pulo para desviar de uma garrafa no caminho.

- Diga, meu filho.

- Eu posso passar o final de semana com a vovó? - perguntou, dando uma parada e olhando para o pai com os grandes olhos molhados.

- No outro eu deixo você lá - disse, num sorriso simpático.

O garoto sentiu um nó na garganta, um aperto no coração. Continuou andando. Os finais de semana sempre eram mais difíceis e o pai parecia particularmente animado naquele dia. Sentia saudades da sua mãe que havia sido levada por Deus.

O almoço havia sido frango. Não sentiu o gosto. Mal engoliu a comida e o pai o mandou tomar banho.

O sangue misturava-se com a água do chuveiro e as lágrimas ao escorrer pelo ralo do banheiro. Os soluços do choro pareciam infindos, não pela dor, mas pela humilhação de ter seu pequeno e frágil corpo violado.

3 comentários:

Leonardo Costa disse...

parabens pelo blog, eh só postar bastante q ele vai crescer;

Lunaticools disse...

Pedofilia é triste. Muito bem escrito. Se errei na tese, ou acertei, poderia passar em meu blog e dizer?

seguindo

abç
Lunaticools

Fabiano disse...

Q texto forte. Ficou claro o assunto abordado. Vejo a pedofilia como o mal do século 21 e precisa ser encarado de frente pelas autoridades. Fico imaginando a dor de quem passa por essa violação. Parabéns pelo post.

http://blog-do-faibis.blogspot.com/